Navegando por Autor "Rangel, Marcelo de Mello"
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Item O absurdo como propedêutica à revolta em Albert Camus.(2023) Chrisostomo, Gustavo Henrique; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Amitrano, Georgia Cristina; Batista, Gustavo Silvano; Pimenta Neto, Olímpio JoséA presente pesquisa tem como objetivo fazer uma análise interpretativa dos dois principais conceitos da obra de Albert Camus: absurdo e revolta, evidentes principalmente em O mito de Sísifo e O homem revoltado, respectivamente. Desse modo, tematizar o nascimento do afeto do absurdo a partir da constatação da indiferença do mundo aos lamentos humanos e mostrar por qual motivo o suicídio não pode ser uma resposta à falta de um propósito que acompanha essa constatação. Será necessário, também, mostrar a importância do afeto do absurdo para o nascimento de outro afeto: a revolta, que, para Camus, é a postura coerente para enfrentar o absurdo, conforme será trabalhado no decorrer da presente pesquisa. Assim, será importante analisar a história do afeto da revolta para entender o motivo pelo qual ela se corrompeu ao ponto de legitimar assassinatos em seu nome. Essa genealogia da revolta é importante para mostrar que ela pode ser uma postura coerente para enfrentar o absurdo, desde que não torne legítimo o crime de assassinato. Assim, para facilitar a compreensão desses conceitos filosóficos de Camus, uma relação entre a filosofia de Camus e a literatura, tanto do próprio filósofo franco-argelino quanto de outros autores, será necessária para ter uma perspectiva mais ampla sobre os temas camusianos, uma vez que o próprio autor utilizava a literatura como uma ferramenta essencial para elucidar seus conceitos filosóficos. Finalmente, uma aproximação dos temas camusianos com a realidade brasileira é importante, para entender que absurdo e revolta são afetos que estão além de uma determinada localização espacial, são afetos que todo ser humano está sujeito a experimentar. Essa aproximação será possível através da tematização da própria literatura brasileira, especialmente autores que também se interessam por questões semelhantes às de Camus, sobretudo absurdo e revolta. Enfatizamos, nesse sentido, o trabalho de Graciliano Ramos.Item Afrodescendentes e indígenas em livros didáticos de história : entre o nacional, o étnico e o intercultural (Mariana, MG – 2017/2018).(2019) Viana, Cibele Aparecida; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro; Rangel, Marcelo de Mello; Roza, Luciano Magela; Cunha, Nara Rúbia de CarvalhoEsta pesquisa portou uma dupla proposta investigativa: 1) a análise das representações de afro-descendentes e indígenas em uma coleção didática de História para o ensino fundamental; 2) a releitura de tais representações no cotidiano do ensino de História, mediante oficinas pedagógicas que contaram com a participação dos estudantes de 6º a 9º ano de duas escolas sediadas em distritos do município de Mariana, estado de Minas Gerais. Como primeira fonte de estudo, a pesquisa debruçou-se sobre a coleção Projeto Mosaico, devido à sua seleção como material didático de História pela rede de ensino municipal de Mariana em 2017; já como segunda fonte, foi produzido um material didático específico, que propunha novos questionamentos e formulações a partir dos textos e imagens trazidos pela coleção Projeto Mosaico. Em termos teórico-conceituais, a pesquisa priorizou as reflexões sobre o interculturalismo em uma dinâmica de legitimação identitária e dialógica das culturas, das práticas e das lutas dos grupos marginalizados na sociedade brasileira, bem como o entendimento do saber histórico escolar como uma produção particularizada que intercambia, sem subordinação, as interpretações provindas da historiografia e do conhecimenton científico em geral com as visões de mundo constituídas pelos sujeitos em seu percurso intersubjetivo. A pesquisa, por fim, embora tenha ratificado a validade conceitual, pedagógica e política das concepções de interculturalismo e da especificidade do saber histórico escolar, também demonstrou a intensa dificuldade dos estudantes em reconhecer as contribuições e o potencial transformador provindo da história e das culturas afrodescendentes e indígenas, sobretudo nas manifestações comunitárias das localidades onde habitam (em um indicativo da sedimentação de um imaginário de perfil hierarquizante e excludente, promovido ao longo de muitas décadas no Brasil, por variadas instâncias formativas. Daí a importância do ensino de História insistir na abordagem inclusiva dos segmentos afrodescententes e indígenas, de forma concomitante à valorização de uma narrativização de tal história e cultura por professores e alunos da educação básica.Item Agonística buarquiana : Sérgio Buarque de Holanda em combates com Gilberto Freyre e Alceu Amoroso Lima (1920-1960).(2019) Sanches, Dalton; Pereira, Mateus Henrique de Faria; Maciel, Emílio Carlos Roscoe; Mata, Sérgio Ricardo da; Rangel, Marcelo de Mello; Rodrigues, Henrique Estrada; Nicodemo, Thiago Lima; Pereira, Mateus Henrique de FariaTendo como fio condutor a imagem nietzscheana da agonística ateniense, esta tese aborda as disputas intelectuais de Sérgio Buarque de Holanda com Gilberto Freyre e Alceu Amoroso Lima. Ao lançar mão de variada estratégia discursiva e textual no combate com os dois interlocutores, Sérgio Buarque representa-se e erige sua memória intelectual assente nesse jogo de pares antitéticos, cujo móvel é a negação das empreitadas intelectivas e projetos postos em curso por eles. Como personagens nodais em cujas trajetórias se entreveem muitas das questões candentes que figuram ao longo da periodização aqui delineada, sustentamos que, compósita e plasticamente, Buarque de Holanda molda-se por e molda tal relação triangular em três tempos: estético-político, ético-político e político-epistemológico. O primeiro, que terá como fontes privilegiadas publicações de artigos de imprensa, configura-se no ambiente dos modernismos na década de 1920, no qual se projetam os anseios e as disputas por interpretações seletivas de cunho estético em busca de uma “expressão nacional”; o segundo, já nas décadas de 1930 e 1940, que terá como excelência analítica as duas primeiras edições de Raízes do Brasil (1936-1948), é o ambiente no qual emergem poderosas e sedutoras propostas de leituras sobre o passado nacional e cujas rivalidades sobre modelos interpretativos, seguidas de apagamentos, construção de identidades e contração de memórias podem ser antevistas nas permutas efetuadas no clássico livro; no terceiro tempo, por fim, veremos que, por meio do combate pelas resenhas estampadas nos jornais ao longo das décadas de 1950 e 1960, o ensaísta, mantendo ainda vivas as disputas com os seus dois grandes oponentes, comporá o front nos campos disciplinares que se impunham gradativamente como matrizes hegemônicas e cujas dinâmicas de consagração se pautarão por seus combates pela história, não menos pela sociologia e – dimensão escassamente estudada em sua obra – pela filosofia.Item Alegoria & Redenção : das esferas política e estética nas teses sobre o conceito de história de W. Benjamin.(2021) Oliveira, Rodrigo Rocha Rezende de; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Chaves, Ernani; Alves Júnior, Douglas Garcia; Rangel, Marcelo de MelloNesta dissertação procuramos expor a intermediação dialética entre a escrita alegórica adotada por Walter Benjamin no contexto das teses Sobre o conceito de História (1940) e o posicionamento crítico e político do autor. Por outras palavras, viemos observar, assim, o que há de afinidade entre a apresentação estética do texto e o seu conteúdo engajado. Neste sentido, ressaltamos que, mesmo repletas de alegorias e imagens, as “Teses” não são uma simples e gratuita incursão estetizada de Benjamin no universo filosófico das questões sobre a construção da narrativa histórica. Para tanto estabelecemos dois eixos fundamentais (dois primeiros capítulos) que articulam essa contextualização em vista da abordagem específica. Em primeiro lugar, levantamos uma investigação sobre o conceito e a operação alegórica, considerada técnica e expressivamente, imprimida na atividade de escrita benjaminiana. Em segundo lugar, buscamos retomar as noções de redenção e melancolia no interior da obra de Benjamin também a partir de sua teoria da linguagem. E, finalmente, acessamos o espólio das “Teses” para recolher neste documento as repercussões dos preceitos elencados durante o percurso descrito.Item Algumas palavras sobre giro éticopolítico e história intelectual.(2015) Santos, Fábio Muruci dos; Rangel, Marcelo de MelloEste artigo apresenta uma introdução às discussões contemporâneas sobre ética e história e sua importância para uma melhor compreensão das discussões recentes sobre teoria e história da historiografia e história intelectual. Procuramos oferecer uma breve explanação sobre os contextos históricos que permitiram a emergência de novas abordagens do conhecimento histórico nos tempos modernos, destacando suas consequências para o pensamento ético, a teoria e história da historiografia e a história intelectual.Item Anos 1970 : “Existir, apesar de…” - literatura, melancolia e stimmung : confrontos com a temporalidade.(2021) Marciano, Matheus Silva; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Coração, Cláudio Rodrigues; Rodrigues, Thamara de OliveiraA proposta desta dissertação é, partindo-se de determinada literatura realista brasileira dos anos 1970, analisar e descrever as afecções mobilizadas nas obras que se intensificam enquanto atmosfera (Stimmung) do período em questão, que é melancólica. Para isto, este trabalho é dividido em três grandes partes. Na primeira parte, faz-se uma abordagem sobre o que se confrontou enquanto possibilidade de leitura da década de setenta, subdividida em três momentos, sendo estes: (1) o entendimento sobre determinada interpretação da melancolia enquanto afeto e seu relacionamento específico com a temporalidade (experiências e expectativas); (2) a abertura mais pontual aos anos 1970 a partir e através de reflexões críticas sobre a estética realista que se generaliza na literatura brasileira do período; (3) a análise e aprofundamento das possibilidades de leitura que se apresentam tendo em vista a tematização das atmosferas (Stimmungen) e, com isso, suas possibilidades no que tange ao conhecimento histórico. Já na segunda parte são apresentadas as descrições das obras que orientam a proposta desta dissertação. Subdividida em dois tópicos, a proposta é analisar as afecções específicas de cada uma destas obras, indicando-se as tonalidades da atmosfera (Stimmung) melancólica que se intensifica no período. No primeiro tópico, são tematizadas três obras de Antônio Torres, sendo elas: Um cão uivando para a lua (1972), Os homens dos pés redondos (1973) e Essa terra (1976) em que indicamos uma Stimmung caracterizada pela aridez; no segundo tópico, abordam-se duas distopias de Ignácio de Loyola Brandão, Zero (1975) e Não verás país nenhum (1981), em que se realça uma Stimmung constituída pelos constantes movimentos de fragmentação e cisão da existência. Ao final de cada um desses tópicos, é feita a descrição das atmosferas das obras e dos movimentos que as intensificam. Na terceira e última, parte, apresenta-se as conclusões da consideração de uma intensificação do afeto melancólico enquanto Stimmung, o que se poderia extrair no que se refere à determinada forma de relacionamento com/no tempo e o confrontar-se com tons desta forma de estar-nomundo, característico da temporalidade, dos horizontes e das expectativas, dos anos 1970 no Brasil.Item Apresentação - teoria e história da historiografia : do giro linguístico ao giro ético-político.(2015) Rangel, Marcelo de Mello; Araújo, Valdei Lopes deEste dossiê reúne conferências apresentadas no 6° Seminário Brasileiro de História da Historiografia (SNHH), o qual foi realizado no ano de 2012 na cidade de Mariana, e, nele, todos os autores tematizam o problema do giro linguístico. Trata-se das conferências de Guilhermo Zermeño Padilla (Colegio de México), Rogério Forastieri da Silva (Colégio Etapa - SP), Temístocles Cezar (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS) e Sérgio Campos Matos (Universidade de Lisboa). A escolha do tema se deveu, sobretudo, aos 40 anos da publicação do livro de Hayden White Meta-História: a Imaginação Histórica do Século XIX, que se completariam no ano seguinte ao 6° SNHH, em 2013. As discussões que tivemos ao longo do evento e os textos que estamos publicando problematizam o giro linguístico e nos auxiliam a refletir sobre ele, ou, ainda, sobre o questionamento da relação entre realidade, pensamento e linguagem, e isso especialmente no interior da historiografia. Ainda a partir de nossas discussões no Seminário e, especialmente, dos textos que compõem o dossiê, podemos abordar os séculos XVIII e XIX como a origem, quer da compreensão que o giro linguístico problematizou – a de que o pensamento pode produzir enunciados privilegiados em relação à realidade –, quer de elementos fundamentais à própria estruturação de sua crítica. É preciso ressaltar, ainda, que o conceito mais tradicional de giro linguístico o situa como um fenômeno recente, cuja origem pode ser datada das décadas do período pós-segunda Grande Guerra. Aqui, preferimos pensar o giro linguístico como um deslocamento histórico-estrutural mais amplo que pode ser definido em torno da clássica descrição foucaultiana da crise da representação, ou seja, do divórcio progressivo entre as palavras e as coisas que tem no século XVIII seu momento decisivo (FOUCAULT 1999). De modo algum, no entanto, essa definição mais ampla recusa a existência e relevância de abordagens que tratam o fenômeno como um evento/processo decisivo à história intelectual recente. Interessa-nos, assim, pensar as condições de possibilidade do giro linguístico constituídas alguns séculos antes, a saber, a ampla percepção da “aceleração crescente das transformações no tempo”, própria da modernidade e que tornou possível o questionamento acerca das funções tradicionais da “historiografia”; e, num segundo momento, a própria colocação radical do problema epistemológico da “parcialidade” e do ponto de vista. De modo complementar, podemos explicitar e compreender, em seguida, duas tradições específicas no interior do giro linguístico, buscando, por fim, refletir sobre possíveis repercussões provocadas por esse deslocamento epistemológico.Item Aproximações e distanciamentos entre o Brasil e as Américas nas revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro entre 1889 e 1894.(2018) Pinto, Andrezza Kelly Lisboa Fernandes; Reis, Mateus Fávaro; Reis, Mateus Fávaro; Rangel, Marcelo de Mello; Baggio, Kátia GerabO principal objetivo dessa dissertação é apresentar as identidades criadas pelos intelectuais/letrados do IHGB em relação à noção de pertencimento ou não ao que se convencionou chamar de América Latina. Apresenta-se neste trabalho as principais características do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, bem como as de sua revista e seus intelectuais membros. Conceituam-se os diversos “americanismos” nos quais o Brasil foi incluído ou excluído, historiando-se a concepção dos mesmos e a evolução dos termos. São apresentados estudos de caso relacionados às aproximações entre os intelectuais/letrados brasileiros do IHGB e os dos demais países da América na tentativa de confirmar a existência de uma diplomacia cultural/intelectual entre esses países, ao menos no que diz respeito às instituições/organizações de produção histórica/geográfica/intelectual.Item Através da Pátria Brasileira : possibilidades de narrativa acerca do indígena brasileiro em livros de leitura da Primeira República.(2016) Almeida, Helena Azevedo Paulo de; Rangel, Marcelo de Mello; Abreu, Marcelo Santos de; Fernandes, Luiz Estevam de Oliveira; Abreu, Marcelo Santos de; Rangel, Marcelo de Mello; Bentivoglio, Julio CesarNo decorrer do século XIX, ocorreu uma acirrada discussão sobre o lugar do índio na constituição da sociedade brasileira. Podemos destacar duas vertentes principais de abordagem: a Romântica, que exaltava-os como honrados, corajosos e futuros cristãos em seu papel de construção da identidade nacional, e uma outra vertente, vinculada à figura de Varnhagen, que colocava o indígena como parte de um passado remoto, bárbaro, sem qualidades, que precisaria ser esquecido e superado através de sua escravização em substituição à mão de obra escrava negra. Assim, o presente trabalho tem por intenção discutir as modificações e permanências destas propostas, a partir de uma análise dos livros de leitura, utilizados no início do século XX, a partir da noção de memória coletiva.Item O cativeiro e as penas : a experiência escravista nos escritos da Primeira Geração Romântica (1836-1844).(2019) Botelho, Luiza de Oliveira; Rangel, Marcelo de Mello; Silva, Daniel Pinha; Rangel, Marcelo de Mello; Gonçalves, Andréa Lisly; Sousa, Francisco Gouvea deEsta dissertação tem como objetivo estudar as críticas à escravidão, ao tráfico intercontinental e à mão de obra escrava africana escritas pelo Romântico Francisco de Salles Torres Homem entre os anos de 1836 e 1844. Nossa proposta é delimitar as análises em dois artigos fundamentais: Considerações Econômicas sobre a Escravatura (1836) e Colonização (1844), publicadas na Revista Niterói e na Minerva Brasiliense, respectivamente. Em ambos os artigos, o autor vai de encontro aos projetos predominante da época que eram partidários à escravidão e à continuidade do tráfico intercontinental. Para Torres Homem, a manutenção das atividades escravistas representavam diversos prejuízos de ordem moral e material para a “nação” em vias de construção. Partindo desta perspectiva, verificamos que, no campo dos estudos históricos, algumas pesquisas exploraram o tema sobre a forma pela qual as ideias liberais legitimaram os interesses escravistas e pouco valor conferiram à possibilidade de averiguar que seu repertório também foi apropriado para condenar a escravidão. Assim, consideramos que este caminho interpretativo corroborou para um certo esquecimento de projetos e propostas para o fim da escravidão e/ou do tráfico negreiro nos anos 1830, em particular aqueles que se valeram dos pressupostos teóricos do liberalismo para condenar a instituição e/ou o infame comércio. Por fim, a partir do estudo do caso do Romântico Salles Torres Homem pretendemos avançar no debate e destacar que, a despeito da preponderância dos projetos favoráveis à escravidão e ao tráfico negreiro, houve vozes dissonantes.Item Contando o conto do Sacudón na Venezuela (1989) : narrativas para um acontecimento.(2022) Vargas González, Livia Esmeralda; Rangel, Marcelo de Mello; Freixo, André de Lemos; Rangel, Marcelo de Mello; Freixo, André de Lemos; Pereira, Luisa Rauter; Abreu, Marcelo Santos de; Haddock Lobo, Rafael; Astorga, OmarEsta tese propõe uma reflexão – e uma escrita – do Sacudón (1989) na Venezuela a partir da sua consideração enquanto acontecimento e sob o reconhecimento da impossibilidade para apreendê-lo, subsumi-lo e submetê-lo numa estrutura. Trata-se de uma possível narrativa – tradução – que se tece com algumas das vozes que esse acontecimento torna audíveis, entendendo, por sua vez, que toda tradução carrega consigo uma perda originária. Para tanto, a tese se organiza em dois grandes momentos. Na primeira parte, intitulada “Para ler o Sacudón: rastros historiográficos e teóricos”, apresentam-se algumas das narrativas e interpretações que existem sobre o Sacudón, e exploram-se os insumos teórico-filosóficos sobre a ideia de acontecimento segundo Alain Badiou, Slavoj Zizek e Daniel Bensaïd com cujas chaves eu encaro o mergulho teórico-empírico no Sacudón enquanto acontecimento. A segunda parte, intitulada “Crônicas constelares do Sacudón: entre pontos e encruzilhadas”, propõe uma narrativa do Sacudón a partir de cinco crônicas tecidas com vozes, lembranças testemunhais e registros jornalísticos do que se passou naquele episódio. Por fim, a presente tese representa um esforço teórico, empírico e narrativo a partir do qual se articulam traços do que fora um dos eventos mais disruptivos na história contemporânea da Venezuela. Essa tese carrega com, em, por trás e para além das suas tramas – e suas linhas –, a força fantasmagórica do não dito. Em termos de disposições metodológicas, é uma tese escrita sob espíritos melancólicos, em trânsitos que envolvem a reflexão teórica, o documentário, o testemunhal e o biográfico. No entanto, ela se nutre, sobretudo, da nostalgia irresolúvel que acompanha a experiência migratória. Trata-se de um percurso (com suas pausas) em que as lembranças, imagens, vivências e histórias próprias foram se inserindo no texto, direta ou indiretamente, movidas pela impossível vontade de dividir, não apenas relatos sobre o Sacudón, mas tudo aquilo que me leva para a terra em que nasci.Item A crítica à modernidade em Giacomo Leopardi e Walter Benjamin : o século XIX como questão.(2020) Brasil, Taís da Silva; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Silva, Hélio Lopes da; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Lima, José Expedito de Passos; Rangel, Marcelo de MelloA presente dissertação tem como tema o diálogo entre Benjamin e Leopardi acerca da Modernidade. A possibilidade de realizar esta abordagem se sustenta com base na hipótese de que houve um interesse por parte de Benjamin por alguns temas do pensamento de Leopardi na sua crítica ao mundo moderno, em especial, o século XIX: algo que se pode identificar em uma resenha benjaminiana sobre os Pensamentos leopardianos e nas Passagens. Daí se investigar a possibilidade de Leopardi ter sido um pensador que também contribuiu com a crítica de Benjamin à Modernidade e à decadência no âmbito da vida civil. Nesta proposta, defende-se que Leopardi também pôs em questão o modo de vida na metrópole moderna, bem como os ideais políticos e culturais modernos como vem apresentado nas suas obras: Opúsculos Morais, Zibaldone di Pensieri, Pensamentos e Discurso sobre o estado atual dos costumes dos Italianos. Esta pesquisa propõe uma reflexão estética com base na orientação filosófica de Benjamin e de Leopardi, articulando-a com uma teoria crítica, ou seja, social e política. Para tanto, pressupõe-se uma Estética que ofereça uma abordagem mais ampla das questões do âmbito cultural e histórico de uma época, não reduzindo a Estética à Filosofia da arte. Ademais, esta investigação busca uma alternativa na crítica dos autores à insuficiência dos ideais da racionalidade moderna quanto à contribuição no âmbito ético-político, ou seja, na preservação da vida coletiva.Item Cuidado de si e educação libertária em Michael Foucalt.(2022) Teixeira, Marcos Torres; Rangel, Marcelo de Mello; Teodoro, Jorge Benedito de Freitas; Rangel, Marcelo de Mello; Teodoro, Jorge Benedito de Freitas; Haddock Lobo, Rafael; Santos, Adriano Négris dosEste trabalho reflete uma educação mais livre dos domínios imperiais colocando a subjetividade num âmbito mais próprio de constituição de si mesmo. A cultura de si analisada por Michel Foucault na Hermenêutica do Sujeito revela uma perda histórica significativa naquilo que podemos chamar de educação numa cultura de si, que foi sendo esquecida diante da necessidade medieval e moderna de controle dos corpos numa relação complexa entre poder-saber-sexo. O sexo, desta maneira, como parte mais íntima dos corpos era o dispositivo mais capaz de fornecer as instituições de controle um aparato discursivo entre normalidade e anormalidade. Contudo, a multiplicação destes discursos, sendo “anormais” ou “normais”, sobre o sexo no próprio campo de exercício do poder demonstraram uma capacidade infinita de produção de si mesmo dos corpos, que se fossem desenvolvidos numa cultura de si como na antiguidade grega necessitariam muito mais de uma liberdade individual do que de um controle excessivo. Nesse sentido uma educação mais libertadora seria mais viável no desenvolvimento de um projeto educacional qualificado e satisfatório. Assim, a análise foucaultiana é uma denúncia cultural, em que uma educação desenvolvida pela antiguidade grega fora em certa medida suprimida pela instituição católica, estatal e científica na época medieval e moderna, de maneira hipócrita e excessiva.Item "Cultura de História" no Brasil Oitocentista : espaços de autonomia e produção de distância histórica nos compêndios e manuais de história do Brasil (1828-1861).(2019) Cunha, Daniel Joni Mendes Nunes da; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Araújo, Valdei Lopes de; Abreu, Marcelo Santos de; Bentivoglio, Julio CesarEste trabalho pretende investigar os manuais didáticos adotados no Colégio Pedro II, a saber: o “Resumo da História do Brasil até 1828” de Henrique Luís de Niemeyer Bellegarde, o “Compêndio da História do Brasil” de José Ignácio de Abreu e Lima e as “Lições de História do Brasil” de Joaquim Manuel de Macedo, visando contribuir para os debates acerca das possibilidades da escrita da história, sobretudo àquela do ensino de história no Brasil Imperial. Além disso, há a preocupação com a constituição e a sedimentação de conteúdos e compreensões mobilizados no interior destes manuais didáticos, com o intuito de tematizar e restituir a complexidade dos debates envolvendo a aproximação ou alargamento no que tange a herança portuguesa, ou modulações da “distância histórica”, entre 1831 e 1863.Item Da biopolítica de Foucault a necropolítica de Mbembe : alguns desdobramentos do desafio político da modernidade.(2023) Silva, Daniela Aparecida da Cruz; Guimarães, Bruno Almeida; Guimarães, Bruno Almeida; Alves, Marco Antonio Sousa; Rangel, Marcelo de MelloO presente trabalho busca considerar como os conceitos de biopoder e biopolítica elaborados por Michel Foucault relacionam-se com as análises mbembianas sobre a política da vida, a problemática da “guerra das raças” e consequentemente o racismo. Busca compreender como tal princípio de poder matar para viver se transforma em estratégias do Estado, não apenas orbitando em torno da questão jurídica, da soberania, mas em torno daquilo que diz do biológico de uma população, daquilo que se exerce no nível da vida, da espécie, da raça e dos fenômenos relativos à população. Evidenciando a extrapolação da lógica econômica para relações sociais e de como o racismo se comporta como peça fundamental na organização biopolítica de uma determinada população. Observa-se que a biopolítica e biopoder se apresentam como ferramentas analíticas (e políticas) relevantes para a compreensão dos modos através do quais a reflexão em torno das estratégias identitárias vislumbradas por Achille Mbembe, e as narrativas e projetos pós-coloniais podem ser redirecionadas. Interessa-nos, portanto, refletir sobre as dinâmicas de poder que moldam as formas de subjetivação e a construção da identidade, ao mesmo tempo em que ressalta a capacidade de resistência e transformação dos sujeitos diante dessas práticas de controle.Item O debate político sobre o direito à cidadania civil nas Cortes de Cádiz -1810-1812- e na Assembleia Constituinte do Império do Brasil -1823-.(2023) Sena, Hebert Faria; Pereira, Luisa Rauter; Pereira, Luisa Rauter; Pimenta, João Paulo Garrido; Sá, Maria Elisa Noronha de; Rangel, Marcelo de Mello; Mollo, Helena MirandaEsta pesquisa pretende contribuir para o conhecimento sobre as configurações da historicidade da linguagem política no debate ibero-americano sobre representação e direito à cidadania civil nas Cortes de Cádiz (1810-1812) e na Assembleia Constituinte do Rio de Janeiro (1823). Para realizar o estudo nos apoiamos teoricamente e metodologicamente em áreas da teoria da história como a história dos conceitos e das linguagens políticas e também na historiografia política e social. Realizamos um estudo sobre o processo de apropriações e usos do conceito político de cidadania nos discursos políticos destas diferentes assembleias constitucionais. Analisamos o processo das transformações dos modos pelos quais estes conceitos se apresentaram discursivamente nestes debates. Também pesquisamos sobre os modos pelos quais o conceito de cidadania estava correlacionado à mobilização de alguns conceitos políticos e históricos específicos, como os de história e prudência. Minha tese é a de que, nestes debates políticos, surgiram algumas querelas sobre os embasamentos teóricos e sobre os métodos de pesquisa dos historiadores que eram mobilizados nos discursos políticos destes deputados nas assembleias. Neste sentido, podemos dizer que já havia a existência de um amplo debate sobre teoria e metodologia da história no campo cotidiano da política direta, isto é, nas assembleias legislativas destes dois impérios, e que citações e referências históricas já eram alvo de críticas e de análises teóricas e metodológicas no cotidiano dos debates legislativos.Item Deformações teóricas : a historicidade do conhecimento científico segundo Manoel Bomfim.(2014) Ferreira, Clayton José; Rangel, Marcelo de MelloO artigo visa compreender a abordagem de Manoel Bomfim (1868-1932) acerca da escrita da história e as ciências naturais em seu ensaio O Brazil na História (1930). Bomfim procura demonstrar através de uma análise historiográfica que o conhecimento das prestigiosas ciências naturais, o qual determinava capacidades limitadas a sociedades de composição étnica mestiça, estava equivocado. Nossa primeira tese é a de que seu argumento e sua historicidade são caracterizados por uma busca por orientação em uma experiência de tempo acelerada devido ao diversos desafios sociais, políticos, econômicos e culturais. A segunda é a de que as formas de se relacionar com o passado (entre elas a escrita da história), as ciências naturais e ainda as possibilidades de produzir conhecimento, de criar representações e intervenções no mundo nortearam parte significativa dos intelectuais na Primeira República e, em especial neste artigo, Manoel Bomfim.Item Do lembrar e do esquecer a partir de Nietzsche.(2020) Rangel, Marcelo de MelloTematizamos os problemas do esquecimento, da lembrança e do pensamento histórico a partir de Nietzsche. Nosso primeiro objetivo é descrever uma espécie de “esquecimento” que seria “adequado” à vida. Segundo o filósofo alemão, esse esquecimento se daria a partir de uma atividade cuidadosa em relação ao que desponta no interior de determinada relação (do presente, Gegenwart). De modo que o homem se encontraria ocupado com os desafios e possibilidades próprios ao contexto no qual se mobilizaria, tornando-se, assim, capaz de (re)construir orientações adequadas (Gegenständlichkeit) à sua realidade (Wirklichkeit). Nosso objetivo, então, é o de tematizar o pensamento histórico como sendo um questionamento que surge a partir da necessidade de recondução de sentidos e significados próprios a situações mais específicas (singulares) que também constituem o que podemos chamar, de alguma forma, de presente.Item Empatia : uma história intelectual de Edith Stein 1891-1942.(2018) Ferreira, Danilo Souza; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Mata, Sérgio Ricardo da; Souza, Guiomar Maria de Grammont Machado de AraújoA presente dissertação analisa a trajetória intelectual da filosofa é fenomenologa Edith Stein (1891-1942). A investigação tem por foco especialmente o papel do fenômeno da empatia (Einfühlung), não apenas como temática e seu objeto de dissertação “Sobre o Problema da Empatia” em 1916, mas sim como condição de possibilidade para a elaboração do conhecimento histórico e filosófico presente em todos os seus trabalhos. Para perseguir este objetivo optamos por seguir a orientação de Ângela Alles Bello, “para a qual para compreender o itinerário filosófico Steiniano, é necessário iniciar a análise desde sua primeira obra ate a última.” Os estudiosos na obra de Edith Stein costumam explicitar que a sua produção filosófica se divide em três períodos, que nos auxiliam a compreender a coerência e a continuidade existente entre a biografia da autora é a sua produção intelectual. A primeira fase pode ser caracterizada como o período fenomenológico, que se estende desde sua tese de doutorado em Gottingen, em 1916, até a sua conversão ao catolicismo em 1922; a segunda fase começa em 1922 e vai até a sua passagem pelo convento do Carmelo, em Colônia, onde o foco de estudo central foi a relação entre a pessoa humana e a sociedade através do caráter pedagógico-antropológico; e a terceira fase que começou em 1938 a 1942, esta fase é conhecida pelos escritos eminentemente místicos com o enfoque do diálogo entre a filosofia de São Tomás de Aquino e a fenomenologia Husserliana. Através do conceito de vivências (Erlebins) buscaremos analisar obras das três fases do pensamento Steiniano tendo como base a relação entre a vida mapeada pelas cartas - presentes nas obras completas - e duas biografias escritas pela autora sendo elas as obras História de uma família judaica e Estrelas Amarelas. Dentre os escritos da fase fenomenológica estão, principalmente, a sua tese de doutorado - Sobre o Problema da Empatia, que escreveu sob a orientação de Edmund Husserl (defendida em 1916), assim como um ensaio escrito em 1925, Uma pesquisa sobre o Estado. A respeito desta fase pretendo ter como foco o problema das vivências (Erlebins). Analisarei a sua tese de doutorado onde ela já delineia alguns temas importantes que irão conduzir às suas reflexões posteriores, assim como o seu posicionamento frente à fenomenologia proposta por Husserl em especial depois do seu translado para Freiburg. Entre as obras que compõem o segundo período, destacamos o Intelecto e os Intelectuais, escrita em 1930, assim como Estrutura da Pessoa Humana, ambas pertencem ao período pedagógico-antropológico, são conferencias em que Edith Stein testa o seu método fenomenológico para compreender o seu próprio tempo. Nestes trabalhos buscaremos explicitar a hipótese de que Edith Stein apresenta uma harmonização entre a aplicação do método fenomenológico e as questões de cunho metafisico, tendo como meio deste diálogo os processos históricos, que possibilitariam desvendar a estrutura essencial comum a todos os seres humanos e, simultaneamente, descobrir a essência última que garante a singularidade.Item Entre batalhas : de relíquias ao revival da arte acadêmica : as pinturas históricas e sua relação com a trajetória institucional do Museu Histórico Nacional (MHN) e do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), entre 1922 e 1994.(CASTRO, Isis Pimentel de. Entre batalhas: de relíquias ao revival da arte acadêmica: as pinturas históricas e sua relação com a trajetória institucional do Museu Histórico Nacional (MHN) e do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), entre 1922 e 1994. 2018. 185 f. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2018., 2018) Castro, Isis Pimentel de; Mollo, Helena Miranda; Mollo, Helena Miranda; Abreu, Marcelo Santos de; Rangel, Marcelo de Mello; Caldeira, Ana Paula Sampaio; Montenegro, Aline; Dias, Luciana da CostaAs pinturas de história são constantemente apresentadas nas exposições como objetos-fetiches. Elas não só apresentam o passado, como constituem uma janela para ele, desta forma, alheias aos processos sociais que tornaram aquelas representações possíveis. O presente projeto de pesquisa visa analisar as relações entre as coleções permanentes e as instituições museológicas, problematizando as definições de objeto histórico/objeto artístico e de museu de arte/museu histórico, uma vez que estes implicam em diferentes apreensões de tempo. Tais noções foram e são constantemente repensadas nos processos de troca, transferência e doação entre museus, assim como na reelaboração de sua narrativa museológica ao longo do tempo. Serão objeto de estudo as exposições permanentes de dois dos principais museus brasileiros – Museu Nacional de Belas Artes e Museu Histórico Nacional, entre os anos de 1922 e 1994.