Navegando por Autor "Antão, Andréa Cristina de Oliveira"
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Item As potencialidades e limitações de um trabalho de tratamento pedagógico dos erros matemáticos no 9º ano de uma escola pública de MG.(2019) Antão, Andréa Cristina de Oliveira; Moreira, Plínio Cavalcanti; Moreira, Plínio Cavalcanti; Ferreira, Maria Cristina Costa; Campos, Dilhermando FerreiraEm qualquer nível de ensino, corrigir os erros em avaliações e em tarefas matemáticas é uma atividade habitual na prática do professor. Mas analisar os erros dos alunos pode ir muito além de identificar o que está certo ou errado. O erro na atividade matemática escolar, se trabalhado de modo adequado, pode favorecer tanto o desenvolvimento profissional do professor como também a construção de um olhar positivo do aluno para o seu próprio processo de aprendizagem. No entanto, trabalhar pedagogicamente os erros dos alunos demanda a mobilização de saberes diversificados por parte do professor, bem como engajamento e resiliência por parte dos alunos. Esta pesquisa, de cunho qualitativo, foi desenvolvida inicialmente nos horários regulares das aulas de Matemática de uma turma de 9º ano de uma escola pública de Minas Gerais, mas as limitações impostas ao trabalho pelas condições usuais de funcionamento do processo de ensino na instituição escolar levaram ao aproveitamento, a partir da adesão de alguns alunos ao convite feito a toda a turma, de espaço e tempo de trabalho dentro da escola, mas fora dos horários das aulas. O foco foi investigar as contribuições que um trabalho docente de tratamento pedagógico dos erros matemáticos pode trazer para o ensino e para a aprendizagem dos alunos do 9º ano da Educação Básica de uma escola pública do interior de Minas Gerais. Na produção dos dados, foram utilizados questionários e entrevistas, registros produzidos pelos alunos e um diário de campo elaborado pela professora-pesquisadora, no período de um semestre letivo em sala de aula regular, com o propósito de inventariar e categorizar os tipos de erros que os alunos cometeram ao longo do semestre, além de observar as potencialidades e as limitações associadas a esse tipo de trabalho docente na instituição escolar em que foi realizado. Os resultados destacam o potencial do trabalho de tratamento pedagógico do erro matemático na escola, especialmente no que se refere a uma mudança de atitude dos alunos frente ao erro, estimulando a construção de uma visão que supere a ideia de associação do erro com o fracasso, passando a percebê-lo como um caminho para a aprendizagem. Em outras palavras, o trabalho contribuiu para o desenvolvimento, por parte de vários alunos, de uma atitude de tentar identificar o erro cometido e de busca de sua superação, através da revisão atenta dos passos dados no processo que levou à solução incorreta. Mostrou também que o engajamento dos alunos é indispensável, na medida em que a ajuda do professor, embora fundamental num primeiro momento, precisa abrir caminho para o desenvolvimento de processos autônomos de superação dos erros matemáticos no dia a dia da aprendizagem escolar. Por outro lado, verificou-se também que o trabalho exige muito do professor, na medida em que demanda a mobilização de conhecimentos e formas de ajudar o aluno a observar as origens dos seus erros, em situações muitas vezes imprevistas e sem possibilidade de preparação a priori. Há também a questão do trabalho com uma turma de 25-30 alunos, quando muitas vezes as origens dos erros variam de aluno para aluno. Além disso, é preciso trabalhar para “desinstalar” procedimentos incorporados pelos alunos nos anos anteriores de formação escolar em matemática e que não são reconhecidos por eles como fontes de alguns de seus erros. Outra dificuldade refere-se à necessidade de que o professor também “desaprenda” certas formas de procedimento pedagógico já incorporadas mais ou menos mecanicamente à sua prática docente, de modo a abrir espaço para reflexões profundas e permanentes sobre como ajudar o aluno a superar uma concepção de aprendizagem que se limita aos procedimentos mecânicos, sem o domínio da lógica que os sustenta. E tudo isso sem perder de vista a necessidade de cumprimento do programa recomendado, ao final do ano letivo. Entretanto, pudemos concluir que, apesar das limitações e dificuldades, o trabalho é certamente enriquecedor tanto para os alunos que se dispõem a refletir sobre seus próprios erros, como para o professor, que é instigado a refletir sobre o que ensina, a partir das formas de (in) compreensão reveladas pelos alunos. Em suma, o professor é levado a entender melhor a matemática que ensina (tornando-se um profissional mais competente) e o aluno a compreender melhor a matemática que aprende, possibilitando o desenvolvimento de uma formação matemática escolar conceitualmente mais robusta.